MÃO DE FERRO

MÃO DE FERRO

Tua mão de ferro pressiona minha alma que tenta resistir.

Atrás destas grades de lava vejo no horizonte um amanhecer de fogo.

Um céu escuro e triste se aproxima em solidão.

Algemada, me sinto puxada por leões, e sobre esta terra que meus pés mal tocam a umidade me desmorona.

 

Um sonho doce que me embala em ninho de anjos.

A chuva que começa a cair me fere como navalhas, seu barulho se remete a uma sela com morcegos a bater asas.

Rugidos se lançam aos céus como tigres por detrás de um portão imenso de gelo a estremecer.

Espíritos que me levam pelo caminho á frente.

Um longo caminho sem esperanças, sonhos ou amores.

Todos destruídos por um cavalheiro de ossos e sombras.

 

Meus olhos vão de encontro ao céu e, num momento de paz, vejo gotas de cristais a pingarem sobre mim e na terra fofa.

Ânsias e desejos me foram arrancados de mim.

Sinto a aura dos arcanjos a me chamarem.

Ouso num último segundo olhar para trás, e o que vejo são apenas lascas de saudade e lágrimas perdidas.

Fecho meus olhos e sinto...

Um leve vento a balançar os meus cabelos, mas é em meu rosto que sinto o queimar de uma mão de ferro, ela estala como uma canção pesada e triste que ouço pelo ar.

 

Num vislumbre embaçado através de meus pesadelos teu canto do inferno me leva ao abismo do nada, e na última tentativa me debato sob teu aperto de ferro.

 

Hão de chorar por mim flores perfumadas, murchas  pelo açoite das tempestades de sentimentos.

Lembro-me de um dia tocar-lhe e pétalas delicadas e sentir o leve aroma escorrer de mim como sangue.

Uma orquestra na dor canta, e por vastas razões e sobre nós, cai uma densa e constante garoa.

 

Sinto-me então roubada do transe da angustia por um estalido.

Enfim o elo se rompe, e, é você quem cai num buraco de sombras e lírios que a mim me abraçam.

Enfim livro-me de sua mão de ferro.