Tua mão de ferro pressiona minha alma que tenta resistir.
Atrás destas grades de lava vejo no horizonte um amanhecer de fogo.
Um céu escuro e triste se aproxima em solidão.
Algemada, me sinto puxada por leões, e sobre esta terra que meus pés mal tocam a umidade me desmorona.
Um sonho doce que me embala em ninho de anjos.
A chuva que começa a cair me fere como navalhas, seu barulho se remete a uma sela com morcegos a bater asas.
Rugidos se lançam aos céus como tigres por detrás de um portão imenso de gelo a estremecer.
Espíritos que me levam pelo caminho á frente.
Um longo caminho sem esperanças, sonhos ou amores.
Todos destruídos por um cavalheiro de ossos e sombras.
Meus olhos vão de encontro ao céu e, num momento de paz, vejo gotas de cristais a pingarem sobre mim e na terra fofa.
Ânsias e desejos me foram arrancados de mim.
Sinto a aura dos arcanjos a me chamarem.
Ouso num último segundo olhar para trás, e o que vejo são apenas lascas de saudade e lágrimas perdidas.
Fecho meus olhos e sinto...
Um leve vento a balançar os meus cabelos, mas é em meu rosto que sinto o queimar de uma mão de ferro, ela estala como uma canção pesada e triste que ouço pelo ar.
Num vislumbre embaçado através de meus pesadelos teu canto do inferno me leva ao abismo do nada, e na última tentativa me debato sob teu aperto de ferro.
Hão de chorar por mim flores perfumadas, murchas pelo açoite das tempestades de sentimentos.
Lembro-me de um dia tocar-lhe e pétalas delicadas e sentir o leve aroma escorrer de mim como sangue.
Uma orquestra na dor canta, e por vastas razões e sobre nós, cai uma densa e constante garoa.
Sinto-me então roubada do transe da angustia por um estalido.
Enfim o elo se rompe, e, é você quem cai num buraco de sombras e lírios que a mim me abraçam.
Enfim livro-me de sua mão de ferro.