Não da mais para aguentar.
Não da mais para viver assim, pois a minha xícara de infelicidades está transbordando.
Até hoje me pergunto como foi que ela chegou a borda e transbordou.
Quase não dá para acreditar que ainda estou viva, pois esse líquido ferve por dentro de mim, me queima, me afoga, me destrói lentamente.
Já faz tanto tempo que me perdi de mim que já me sinto nadando em círculos dentro desta xícara de infelicidades.
Já chorei.
Já gritei.
Já estendi a minha mão, mas a recolhi porque ninguém me puxou para a superfície.
Nunca agradeci por nada, pois nunca me fora dado algo.
Nunca derramei lágrimas frias, pois não houve motivos.
Nunca vivi, pois minha vida se afogou na xícara de infelicidades que enchi.
Eu tentei ser forte.
Eu tentei ser otimista.
Eu tentei ser outra pessoa, mas a cada onda eu era sugada mais e mais para o fundo do oceano, e ele só se acalmara quando eu parei de lutar contra as ondas e deixei elas me levarem.
Me levaram...
Se sairei, eu não sei, mas vou tentar.