Onde foi que perdi meu chão?
Trovões ecoam dentro de mim, e nem a mais violenta das tempestades pode aplacar a raiva que eclode do fundo do meu coração.
Para onde eu posso voltar?
Para onde eu posso ir?
Onde foi que eu errei o caminho?
Petrificada a muito tempo minha alma está, e nem o martelo mais pesado detém a força necessária para quebrar a casca que me envolve.
Será que tem alguém me seguindo?
Será que tem alguém me espreitando?
O quanto mais eu posso suportar?
Dores alucinógenas deixaram marcas tão profundas em meu corpo e alma que nem o tempo conseguiu curar, e talvez nem a morte o faça.
O que eu deixei no passado?
O que tem para mim no futuro?
O que mais virá para mim?
Trevas me acorrentam em seu calcanhar e os grilhões estão tão pesados que já sinto o sangue escorrer de mim e marcar o caminho que trilhei.
Onde estão meus amigos agora?
Onde está você agora?
Onde?!
O frio me congela até os ossos como se eu já não estivesse fria o suficiente, e nem o sol mais escaldante consegue penetrar a muralha que me guarda.
Onde estão minhas lágrimas? Onde estão meus sentimentos?
A morte tem medo de mim, pois ambas estamos condenadas a vagar eras e eras de mundos que virão, sem jamais parar.
Será que a vida cobra mais caro que a morte?
Será que a morte não é o descanso de que todos falam?
Busco o meu horizonte porque ele é o meu fim, aquele que anseio, mas quanto mais eu caminho, mais longe ele fica, e se eu parar, ele também o faz e fica a me encarar.
Por que para iniciar uma vida basta sorrir?
Por que para terminar, um suspiro basta?
Um suspiro que demora.