DEIXE-ME VIVER

Criar uma Loja Virtual Grátis
DEIXE-ME VIVER

Deixe-me viver.

Deixe-me respirar.

Deixe-me ser o que sou.

Um ser que renega a luz, mas abraça a escuridão com amor.

Um ser que não distingue bem ou mal, simplesmente não os reconhece, pois em meu peito nada existe.

Nem mesmo um coração.

Um culpado não existe, apenas o condenado.

Eu.

Eu que fui culpado por amar e, por amor fui condenada pela luz a ser, eternamente, envolvida pela escuridão.

Somente, lembro-me de uma voz que irrompia do céu, adentrava minha mente e dizia- eu te condeno a vagar solitária pelos séculos que virão.

 Braços envoltos por fumaça negra me envolveram e me jogaram no abismo do mundo.

 

Não pude lutar.

Não pude me defender.

Eu caí então.

Minha alma me abandonou.

Meu coração foi arrancado do meu peito e jogado num buraco sem fundo.

Estive fora do tempo e do mundo, e só voltei quando almas não pertencentes a mim, adentraram meu corpo e forçaram-me a seus desejos.

Olhos meus, antes azuis como o céu, abriram-se para o mundo como gotas de sangue.

Uma expressão antes feliz, agora era sombria e triste como o sorriso de gelo que carrego em meus lábios pálidos.

 

Então, somente, deixem-me viver.

Deixem-me viver para pagar por aquilo que fui condenada.

Eterna e maldita sou o que sou.

Deixem-me viver, nem que seja pela sombra mórbida e triste que segue-me, mas também proibida de tocar-me.

Ela seria minha salvação.

Uma última chance de perdão.

Afinal, nada mais me resta, a não ser viver eternamente amaldiçoada.