Neste mundo já deixei muitos fantasmas.
Jurei amor a todos, mas os matei a cada segundo.
Sonhos destruí.
Famílias inteiras choraram por seus mortos.
Mas eu continuei.
Dei ás costas para todos, e parti em busca do próximo.
Em minhas mãos choraram sangue.
Em minhas mãos carreguei corações machucados.
Pisei nos corpos daqueles que disse amar, só para sentir o ardor de lágrimas falsas.
Fui caminhando túmulo sobre túmulo.
Mecânica em meus sentimentos fui largando rosas.
Nunca senti nada.
Nunca precisei de nada.
Só precisava sentir em minhas mãos ou debaixo de meus pés na terra a essência daqueles que destruí.
Sempre amei minha liberdade.
Sempre lutei por ela e jamais permitiria que outro a roubasse de mim, somente eu fui destinada a fazê-lo.
Sentia no pulsar de meu sangue a obrigação de prender a todos numa gaiola de aço, e sorrir ao vê-los definhar dia após dia.
Fui má em todos os sentidos da palavra.
Fui leal aos propósitos de meus antepassados.
Fui sangue de meu sangue até a última gota.
Fui e sou merecedora do legado de meus pais.
E desafio qualquer um a tentar rouba-lo de mim.