Não satisfeita em nascer sob o signo de sangue, eu fui marcada a fogo pelo ódio de outros.
O motivo de minha mágoa está escrita a sangue pelas paredes da solidão.
Hoje os braços da violência e vergonha me apertam como correntes de ferro.
Um dia, há muito esquecido na história, eu já fui vítima, mas hoje sou o carrasco daqueles que me açoitam.
Estes de quem falo, agora estão no barco da morte, á caminho do inferno porque assim eu quis, assim eu fiz.
Ainda me lembro como se fosse ontem, eu fui jogada num porão escuro, úmido e tão sombrio como a noite.E á minha própria sorte.
Prisioneira dos meus medos, muitas vezes me vi cara a cara com a morte e implorei para ser libertada do cativeiro da minha mente.
Eu ainda ouço o vento da liberdade soprar em meus ouvidos, mas, infelizmente,não preciso mais deste eco, pois as promessas que um dia fiz para precisar de algo para me agarrar, não foram atendidas.
Hoje as trevas em atormentam como pesadelos sem fim, tornando minhas mentes longas, dolorosas, frias e solitárias como o universo.
Não tenho direito a filhos porque meu ventre está morto.
Não tenho direito a carinhos porque minhas mãos são frias demais para retribui-los.
Não tenho direito a julgamentos porque minha alma já fora condenada ao exílio.
Não tenho direito a nada porque meu corpo é oco para qualquer sentimento.
Vivo nesse mundo, me consumo como um animal enjaulado.
Vivo como um fantasma preso as lembranças de algo que não existe mais.Pelo menos não mais para mim.
Mas eles ainda não estão contentes com suas grandes conquistas através de mim.
Eles mataram, mas fui eu a culpada.
Eles blasfemaram, mas fui eu a ridicularizada.
Eles roubaram a vida de muitos, mas fui eu quem fora presa, torturada e amaldiçoada.
As rosas vermelhas choram sangue.
Os lírios imploram por perdão.
Os espinhos arranham por alívio.
As almas agonizam por paz.
O coração se aperta por dor.
Eu ainda respiro, somente porque preciso de redenção.